segunda-feira, 18 de março de 2013













 Respeitar a autoridade do professor é algo que se aprende em casa. Aliás, o respeito a qualquer pessoa é algo que se aprende em casa. 

É lugar comum que filhos aprendem, em primeiro lugar, pelo exemplo dos pais. A valorização do professor e o respeito ao mesmo por parte de um aluno começa em sua observação de uma postura de respeito e valorização por parte dos pais. 



No entanto, o que vemos nas famílias de nossa sociedade é um descaso dos pais em relação a qualquer tipo de autoridade. Muitos pais não se dão o trabalho de ser autoridade para seus filhos. Alguns pais não dão limites aos seus próprios filhos, não os ensinam a respeitar ninguém, nem a eles próprios como pais. 



O ser humano que cresce em tal família não aceita ordens de ninguém e muito menos limites à sua liberdade. O que leva pais a negligenciarem a educação de seus filhos? Segundo o psiquiatra Içami Tiba, vários podem ser os motivos que impedem pais a serem reais educadores de seus filhos. Entre eles estão o medo de traumatizar os filhos com cobranças de suas obrigações, incapacidade de lidar com reações violentas dos filhos, falta de limites, comodismo, ou o que é ainda pior, incapacidade dos próprios pais de respeitar outras pessoas (TIBA, 2005, p.208s).



 É também lugar comum que a escola não é o primeiro espaço de educação, e sim o segundo. Há pais que preferem delegar à escola a educação de seus filhos. No outro extremo, há aqueles que não reconhecem a autoridade da escola, e acabam se aliando aos seus filhos na delinquência (TIBA, 2005, p.209). Até mesmo o descaso dos pais em relação ao boletim dos filhos é uma demonstração disso. Pais que não levam a sério os indicadores do rendimento escolar de seus filhos não estão preparando seus filhos para suas futuras carreiras profissionais. 



Pais que não se importam com o que acontece na escola não ajudam seus filhos a se preparar para a vida, não ensinam seus filhos a prestar contas, a dar o melhor de si, a respeitar e obedecer aqueles que ocupam uma posição superior, ou seja, não ajudam seus filhos a se preparar para lidar com futuros chefes e maiores responsabilidades (TIBA, 2005, p.211s).



 É assustador o que se vê em noticiários, em vídeos do YouTube e outros canais de mídia sobre o comportamento de alunos em relação aos professores. Vai da violência física à violência moral. Dificilmente pais de filhos que praticam tais ações tomam alguma providência em relação a elas. Normalmente dão desculpas para se isentar de qualquer responsabilidade. No entanto, a educação dos filhos é responsabilidade dos pais. A justiça de Cacoal (RO), em setembro do ano passado, condenou pais de 19 alunos a pagar uma indenização de R$ 15.000 a um professor que foi ridicularizado em uma comunidade criada por esses alunos no site de relacionamentos Orkut. Em resposta ao apelo dos pais, a justiça decretou que “o dever da vigilância é uma incumbência legal dos pais, enquanto responsáveis pelos filhos. Trata-se de um dever legal objetivo do qual não pode o responsável se escusar, com o argumento de ser ‘impossível’ a vigilância dos filhos vinte e quatro horas por dia. Noutras palavras, o argumento trazido pelos apelantes é por demais frágil e não afasta os consectários do descumprimento do dever legal” (g1.globo.com/Noticias/Tecnologia/0,,MUL766038-6174,00.html). 



 A família pode ser um auxílio ou um obstáculo para a boa inserção do indivíduo no espaço escolar. O indivíduo só aprenderá a levar a sério as regras instituídas na escola se ele tiver sido preparado para isso pela família. É claro que há que se considerar que a família de hoje não é a de antigamente, em que o pai era o provedor e a mãe uma presença educadora constante. Nos dias de hoje, talvez os pais não tenham tanto tempo para os filhos quanto eles gostariam, e talvez o cansaço e a luta do dia-a-dia os impeçam de se inserir de forma mais sistemática e prática na vida de seus filhos. No entanto, a família ainda é a primeira célula da sociedade, e cabe à família preparar as crianças para relacionamentos de todos os tipos, sejam eles de autoridade ou não. Antes de tudo é necessário que a família prepare o filho ou a filha para relacionamentos de respeito. 



 O respeito acontece quando o ser humano se sente respeitado. Mais do que relacionamentos hierárquicos, os relacionamentos de respeito acontecem quando ambos os lados estão dispostos a valorizar e a aprender com o conhecimento do outro. Pais e professores têm muito a ensinar, mas também têm muito a aprender.



 O adulto que se dispõe a aprender com o jovem valoriza-o e o faz perceber que têm uma posição importante no relacionamento. Vivemos numa era em que o aprendizado é constante, não acaba na vida adulta. É a era da educação continuada, e nessa era o jovem tem muito a ensinar. Com certeza o adulto que valoriza o conhecimento do jovem também abre portas para ser valorizado ao compartilhar a sua experiência (TIBA, 2005, p.204ss).







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