quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Fonte: PROVÍNCIA FRANCISCANA DA IMACULADA CONCEIÇÃO DO BRASIL





1. Os pais têm plena consciência de que são os primeiros e fundamentais educadores de seus filhos. A escola, por sua vez, além de ser local de instrução (e de instrução de qualidade), precisa ser um espaço de humanização das pessoas. Fica claro que casais unidos, profundamente amorosos e equilibrados são os melhores educadores. A escola, sem sombra de dúvidas, precisa trabalhar com os pais, acolher os pais, dialogar com os pais, ajudar essas famílias esfaceladas.





2. Educa-se a partir do que somos. Uma família vazia e oca nada tem a dizer aos filhos. Romano Guardini afirma: “O educador deve ter bem claro que a máxima eficiência de sua tarefa não vem do modo como fala, mas antes do que é e do que faz. Assim se cria um clima. A criança que não reflete, ou reflete pouco, é receptiva a esta atmosfera. O primeiro fator da educação é aquilo que o educador é, o segundo é aquilo que ele faz e somente em terceiro lugar aquilo que ele diz”.





3. Os pais e os professores não podem renunciar ao cômputo da educação. Os pais têm autoridade. Colocaram filhos no mundo que são destinados a serem cidadãos e não trastes, que busquem a Deus e não se entreguem a uma vida banal de seres diminuídos. O Cardeal de Gênova, num texto sobre a educação, assim se exprime: “Não podemos negar: a cultura contemporânea parece não ter nada a dizer a jovens e adultos que queiram educar e educar-se, porque não acredita no valor do homem: a liberdade é identificada com capricho individual; a felicidade, com o sucesso, o prazer e o dinheiro. A razão – capacidade de conhecer a verdade das coisas e dos valores – não inspira confiança. O sentido do limite e das regras parece insulto à dignidade. O indivíduo é o centro de si mesmo. A vida é apresentada como o mito da eterna juventude, feita de triunfos e satisfações onde tudo é fácil e considerado direito, onde esforço e sacrifício são banidos, onde o que conta é aparecer, ser visto e ser admirado. É a consagração do nada: nada de sentido, nada de valor, nada de relacionamentos verdadeiros e construtivos”.





4. No processo educativo há perguntas que precisam ir sendo respondidas. Isto não somente até a juventude, mas ao longo de toda a vida. Fala-se hoje de uma formação permanente, para que não haja uma definitiva deformação. Algumas dessas perguntas: Quem sou eu? De onde venho? Para onde vou? A quem pertenço? Para que existem meus braços, minha boca, minha vida? Qual o sentido desse existir que vai desde o momento em que fui concebido no seio da mãe até o momento em que a irmã morte nos visita? Como me posicionar diante desses outros, dessas outras que circulam à minha volta? Por que esse desejo de atingir as estrelas quando tudo em mim é fragilidade? Quem sou eu, esse caniço tão frágil, mas esse caniço pensante, no dizer de Blaise Pascal?





5. O pano de fundo de toda forma de educação é a família. No bojo de uma família se fazem presentes os valores que podem plasmar pessoas de garra e de valor. Bento XVI numa de suas instruções às famílias assim se exprime: “Quando uma criança nasce, através do relacionamento de seus pais, começa a fazer parte de uma tradição familiar, que tem raízes muito antigas. Com o dom da vida se recebe um patrimônio de experiência. Os pais têm o direito e dever de transmitir um tal patrimônio a seus filhos: educá-los no descobrimento de sua identidade, introduzi-los na vida social, na prática responsável de sua liberdade moral e de sua capacidade de amar, através da experiência de serem amados, e sobretudo no encontro com Deus. Os filhos crescem e amadurecem humanamente na medida em que acolhem com confiança esse patrimônio e essa educação que vão gradativamente assimilando”.





6. Educar é abrir-se à vida, é encontrar o mistério da vida e dialogar com a fala da vida. Acolher a vida significa dar-lhe lugar em mim para ela de tal sorte que minha existência não seja um peso, mas ocasião de colocar ações profundamente gratificantes e que tornem mais bela a face da terra. Não “toleramos” o viver, mas daremos o testemunho de uma alegria de viver, mesmo no coração de todos os desafios. “A luz só se acende com a luz, a vida coma vida, a liberdade com a liberdade. Se eu, por primeiro, não sou um homem luminoso, livre e vivaz interiormente não transmitirei claridade a nada e a ninguém” (Dom Ângelo Bagnasco, Cardeal de Gênova).





7. Os bispos italianos num denso e longo documento sobre o tema da educação, grande prioridade da Conferência Italiana, afirmam: “A educação está profundamente vinculada ao relacionamento entre as gerações, antes de tudo no interior da família, portanto, em termo de relacionamentos sociais. Muitas das dificuldades experimentadas hoje no âmbito da educação se devem ao fato de que as diversas gerações vivem muitas vezes em mundo separados e estranhos. O diálogo requer uma significativa presença de uns na vida dos outros e requer disponibilidade de tempo. Ao empobrecimento e à fragmentação dos relacionamentos dever-se-á acrescentar o modo como se opera a transmissão entre as gerações. Não poucas vezes os filhos se acham diante de uma figura adulta desmotivada e nem sempre digna de crédito, adultos sem capacidade de testemunhar as razões de sua vida que possam fazer surgir nos educandos o desejo de amor e de dedicação”.





8. O objetivo central da educação pode assim ser resumido: agir de sorte que os jovens sejam psicologicamente equilibrados, social e culturalmente inseridos, eticamente responsáveis, com capacidade de construir seu futuro, donos de suas vidas e atores e não meros espectadores das coisas que acontecem sem que eles tenham domínio sobre elas. A verdadeira educação não pode excluir a proposta da busca de Deus na vida das novas gerações.

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